Amigo camocinense, pensar que a história não se repete é o mais puro engano, pois a realidade é outra.
Vejamos aqui como alguns traços marcantes do Império Romano tem sido prática constante das oligarquias locais. Para isso nos é necessário lembrar um pouco a história do Império.
O legado dos Romanos é prático: caminhos, aquedutos, sistemas de encanamento e de calefação central, e, claro, os banhos. Esse império é lembrado por seus “entretenimentos” públicos (corridas de carros puxados a cavalos e sangrentas lutas de gladiadores) em anfiteatros como o grande Coliseu de Roma. Feito de tijolos, concreto e pedras, o Coliseu, uma das construções mais importantes erguidas na época por esse império, existe até hoje em Roma, na Itália. Construído há mais de 1990 anos (já passou por reformas), ele era parecido com um imenso estádio de futebol. Mas lá dentro não havia partidas, nem campeonatos de futebol. A principal atração era os combates entre gladiadores que lutavam entre si ou com animais selvagens como tigres e leões. Em dias de espetáculos os escravos e estrangeiros ficavam na arquibancada mais alta de todas, ou seja, mais afastados do “show”. As pessoas mais ricas sentavam-se nos lugares mais próximos da arena, onde tinham a melhor visão das lutas, uma entrada exclusiva levava ao camarote do imperador, que assistia aos espetáculos bem perto juntamente com os “seus”, o mesmo acontece hoje nas festas municipais.
Na antiga Roma os ricos viviam bem, tinham grandes casas com colunas de mármore e belos mosaicos no piso, as paredes estavam pintadas com afrescos. Gostavam de ir aos banhos, aos jogos e ou divertimentos. Já os pobres, viviam desconfortavelmente em blocos de apartamentos mal construídos, não tinha encanamento nem sistema de calefação, e tinham que usar serviços sanitários e banhos públicos. A principal comida era pão ou papas de aveia, com poucas ervas, azeitonas ou vegetais. Assim era a vida nos dias do Império Romano: pão e circo. Dessa forma pretendiam que os “entretenimentos” fizessem o povo esquecer de seus muitos e dolorosos sofrimentos.
Baseado no quadro acima, vimos que a diversão no passado dos romanos é a tônica de nosso presente. Nossa bela e abandonada cidade, Camocim, vive dias do “Império” dando pão e circo. Lamentavelmente o pão entregue hoje pelos os “donos do poder” são as bebidas alcoólicas, distribuídas ao povo em todas as suas comemorações. O circo está bem maquiado (dizem que são atrativos turísticos) através de seus carnavais, micaretas (carnaval fora de época), festivais (quadrilhas, musical, etc.) suas festas e seus jogos. Enquanto isso, nós, povo, somos ludibriados com esses entretenimentos modernos que são organizados para favorecerem os “ricos do poder” (para que esses divertimentos aconteçam até as leis são violadas é o caso do código de posturas e obras do município que não é cumprido), e para servir de lenitivo aos pobres para que esqueçam de seus muitos problemas sociais.
Os que compõem os impérios oligárquicos de Camocim vivem como os ricos do antigo Império Romano: casas grandes e luxuosas, fazendas, carrões de luxo, altos salários, melhores escolas e melhor qualidade de vida com saúde e excelentes manjares.
Enquanto o povo de Camocim vive como, muitas vezes nem isso, assalariados (recebendo os mesmo com atraso) em casos bem simples, tendo algum recurso, em caso contrário vivem em casas de conjuntos de baixa qualidade, sem transportes adequado, com seus filhos nas escolas públicas. O sistema público municipal de saúde mal corresponde as necessidades da nossa gente. As geladeiras dos trabalhadores camocinense estão sempre cheias de garrafas, descartáveis, com água.
Amigo camocinense, será que vale a pena continuar com esse sistema “político” que Camocim vem sofrendo desde sua emancipação, datada de 29 de setembro de 1879?
Precisamos nos conscientizarmos que chegou a hora de mudar essa triste repetição da história romana em nosso município, podemos e devemos repetir a história, mas em seus melhores momentos, implantando em Camocim um governo e uma câmara legislativa municipal do povo, numa administração popular e participativa.
Vamos nos dá as mãos e com ajuda do Senhor Deus Eterno e contando com a preferência de cada um chegarmos à vitória.
Fraternalmente, Kaká Lopes
Fonte: Jornal Correio do Litoral, ano III, nº32, Camocim, Setembro de 2004.
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