Esse combate entre dois poderes iguais não é o tipo de conflito cósmico ensinado pela Bíblia. De uma perspectiva bíblica, o ser que atualmente é chamado de Satanás “foi criado por Deus e [...] era bom por ocasião de sua criação, mas se corrompeu”. Semelhantemente ao dualismo, o entendimento cristão afirma que “esse Universo está em guerra”. Mas, ao contrário do dualismo, “não pensa que se trata de uma guerra entre potências independentes. Pensa que se trata de uma guerra civil, de uma rebelião, e que vivemos numa parte do Universo ocupada pelos rebeldes” (p. 79).
Assim, em vez de um conflito cósmico travado entre dois poderes onipotentes e independentes, o que temos é uma rebelião da criatura contra o Criador. De acordo com o que aprendemos sobre o papel da serpente enganadora em Gênesis 3, o conflito gira em torno da percepção do caráter de Deus conforme refletido em Sua lei. Em outras palavras, surge a pergunta: Deus é confiável? Podemos crer em Sua Palavra? Obviamente, essas duas questões são essenciais para que exista um relacionamento de amor. É impossível desenvolver um relacionamento de amor autêntico e profundo com alguém em quem não confiamos.
A rebelião de Lúcifer contra Deus, que marca o início do conflito cósmico, começou no Céu e é mencionada em Isaías 14:12-15 e Ezequiel 28:12-19. O início e o desenvolvimento do conflito são descritos também em Apocalipse 12, e o início do conflito na Terra é visto em Gênesis 3. Embora os textos de Isaías e Ezequiel façam referência direta, respectivamente, aos reis de Babilônia e Tiro, “em cada passagem há um movimento do domínio local e histórico dos reis terrenos para o domínio sobrenatural celestial, descrevendo Lúcifer/Satanás e o surgimento do grande conflito” (Richard M. Davidson, “Cosmic Narrative for the Coming Millennium”, Journal of the Adventist Theological Society, v. 11, n. 1-2 [2000], p. 107). Essencialmente, Lúcifer/Satanás desejava se colocar acima de Deus. Mais precisamente, queria usurpar a posição e o poder que pertencem a Deus, mas não o Seu caráter amoroso, uma vez que tentou se exaltar por meio da “multiplicação do seu comércio”, que também pode ser traduzido como “calúnia” (Ez 28:16), e por meio da mentira (Gn 3:4; Jo 8:44).
Fonte: https://mais.cpb.com.br/licao/o-conflito-cosmico-2/#licaoAuxiliar
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