7.19.2025

REFLEXÃO - TEMPO E TRABALHO

E assim Faraó, de coração endurecido, não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito a Moisés” (Êxodo 9:35).

Um fazendeiro estava tentando fazer seu jumento se mover, mas não estava tendo sucesso. Então, pegou um galho grosso e bateu no animal. Em seguida, falou novamente com o jumento, que então começou a se mover.

Quando alguém perguntou ao fazendeiro por que isso funcionou, ele respondeu: “Bem, primeiro é necessário chamar a atenção dele.”

Deixando de lado a crueldade com os animais, essa história ilustra uma verdade especial no contexto da saída dos hebreus do Egito. Moisés recebeu suas ordens de marcha e foi ao Faraó com as palavras de Deus, shalach et ami (“Deixe o Meu povo ir!”; Êxodo 5:1).

O Faraó, no entanto, não queria permitir que o povo de Deus fosse embora. A Bíblia nunca explica explicitamente por que o Faraó estava tão relutante, apesar da ameaça militar que os egípcios temiam que os hebreus pudessem representar (Êxodo 1:10). Muito provavelmente, como costuma acontecer com a escravidão, era uma questão econômica. Como os israelitas eram uma fonte de mão de obra barata, o Faraó não queria perder as vantagens econômicas que esses escravos lhe proporcionavam. Assim, ele precisaria de algo mais convincente, não apenas para chamar sua atenção, mas também para mudar seus pensamentos (https://mais.cpb.com.br/licao/as-pragas/).

Para lembrar: A redução da escala de trabalho, que o congresso nacional não é a favor, com foco na possibilidade de fim da escala 6x1 e redução da jornada semanal, é um tema em debate no Brasil, com discussões sobre a redução da carga horária sem prejuízo salarial. Portanto, a classe dominante, pelo mundo afora, ainda se assemelha ao Faraó do Êxodo em relação aos escravos hebreus não querendo perder mão de obra barata, ou não?

7.18.2025

Bolsonaro FEZ FLAGRANTE CONFISSÃO DE OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA, diz Moraes

STF divulgou decisão que embasou medidas cautelares contra Bolsonaro

Em decisão divulgada há pouco pelo Supremo Tribunal Federal, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo fizeram uma “confissão flagrante” de atos criminosos para coagir e obstruir a Justiça brasileira, motivo pelo qual decidiu impor medidas cautelares contra Bolsonaro. 

Eles são investigados pelos crimes de coação no curso do processo (Art. 344 do Código Penal), obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa (Art. 2º, § 1 º, da Lei 12.850/13) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Art. 359-L do Código Penal).

Em outro trecho da decisão, Moraes ainda menciona o crime de atentado à soberania (art. 359-I do Código Penal). 

Pela decisão, Bolsonaro deverá cumprir recolhimento domiciliar entre 19h e 6h de segunda a sexta-feira e em tempo integral nos fins de semana e feriados; ser monitorado com tornozeleira eletrônica; não manter contato com embaixadores, autoridades estrangeiras e nem se aproximar de sedes de embaixadas e consulados. 

As medidas foram solicitadas pela Polícia Federal (PF), com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Os órgãos apontaram o risco de fuga do ex-presidente para justificar a instalação de uma tornozeleira eletrônica. 

Para o ministro, as condutas de Bolsonaro e filho caracterizam “CLAROS e EXPRESSOS ATOS EXECUTÓRIOS e FLAGRANTES CONFISSÕES DA PRÁTICA DOS ATOS CRIMINOSOS, em especial dos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania”. 

O ministro salientou que a “ousadia criminosa parece não ter limites”, ocorrendo   à luz do dia, em publicações em redes sociais e entrevistas e pronunciamentos a veículos de mídia. 

Moraes apontou entrevista coletiva realizada por Bolsonaro nesta quinta (17), em que o ex-presidente condicionou a retirada de sanções dos Estados Unidos contra o Brasil à aprovação de uma anistia que o favoreça pelo Congresso. 

A decisão traz imagens de posts de Eduardo na rede social X e de entrevistas a canais de TV como CNN em que o filho do presidente defende a taxação anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre produtos brasileiros. 

Ao anunciar a medida, Trump deu entre as justificativas o que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro. 

As ações de JAIR MESSIAS BOLSONARO demonstram que o réu está atuando dolosa e conscientemente de forma ilícita, conjuntamente com o seu filho, EDUARDO NANTES BOLSONARO, com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa CORTE no julgamento da AP 2.668/DF.” 

A ação penal 2668 tem como alvo Bolsonaro e mais sete aliados, entre militares e civis, todos acusados pela PGR de ter encabeçado uma tentativa fracassada de golpe de Estado, cujo objetivo seria manter o ex-presidente no poder mesmo após derrota eleitoral. 

SOBERANIA

A decisão de Moraes foi tomada em um novo inquérito, aberto a pedido da PGR, para apurar as condutas de Bolsonaro e de  Eduardo contra a soberania nacional. 

No texto, o ministro abordou a imposição de uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada neste mês pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que justificou a medida citando o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro devido ao processo do golpe. 

A implementação do aumento de tarifas tem como finalidade a criação de uma grave crise econômica no Brasil, para gerar uma pressão política e social no Poder Judiciário e impactar as relações diplomáticas entre o Brasil os Estados Unidos”, escreveu o ministro. 

Ele acrescentou que “a Soberania Nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, expressamente previsto no inciso I, do artigo 1º da Constituição Federal”.

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL sempre será absolutamente inflexível na defesa da Soberania Nacional e em seu compromisso com a Democracia, os Direitos Fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário Nacional e os princípios constitucionais brasileiros”, afirmou Moraes. 

O ministro citou ainda o escritor Machado de Assis. “A SOBERANIA NACIONAL É A COISA MAIS BELA DO MUNDO, COM A CONDIÇÃO DE SER SOBERANIA E DE SER NACIONAL”, diz a citação. 

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

'TOY STORY' retorna ao cinema brasileiro em setembro

Franquia estreou em 1995

Nossos brinquedos favoritos estão voltando.

Disney confirmou nesta quinta-feira (17) que "Toy Story" retornará aos cinemas brasileiros para celebrar os 30 anos do lançamento da franquia. Segundo o comunicado, a animação será reexibida em 11 de setembro. Além disso, divulgou um pôster comemorativo.

O primeiro filme foi lançado em 1995. Toy Story conta a vida secreta dos brinquedos que habitam o quarto de Andy. O público conhece pela primeira vez os protagonistas no dia do aniversário do menino, quando ele recebe novos presentes. A ideia de serem substituídos por brinquedos melhores assusta a todos.

Desde então, a franquia ganhou quatro filmes e o spin-off Lightyear, em 2022. Juntando todas as produções, mais de US$ 3.2 bilhões foram arrecadados nas bilheterias mundiais.

E o próximo filme, Toy Story 5, já ganhou uma data de estreia. De acordo com informações da Variety, a produção chegará aos cinemas dos Estados Unidos no dia 19 de junho de 2026.

Segundo o veículo, a continuação vai contar com os retornos de Tom Hanks e Tim Allen como Woody e Buzz Lightyear.

Fonte: cultura.uol.com.br/entretenimento

7.17.2025

PRESIDENTE VETA AUMENTO DE NÚMERO DE DEPUTADOS NA CÂMARA

Despacho foi publicado nesta quinta-feira no Diário Oficial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto de lei que aumenta o número de deputados federais de 513 para 531. O despacho foi publicado, nesta quinta-feira (17), no Diário Oficial da União.

Em mensagem ao Congresso, Lula justificou o veto por contrariedade ao interesse público e por inconstitucionalidade. Os ministérios da Justiça e Segurança Pública, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se contrários à medida, citando diversos dispositivos legais, como a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ao prever a ampliação do número de parlamentares, a medida acarreta aumento de despesas obrigatórias, sem a completa estimativa de impacto orçamentário, de previsão de fonte orçamentária e de medidas de compensação, onerando não apenas a União, mas também entes federativos (Constituição Federal, art. 27, caput). Ademais, o art. 6º, parágrafo único, do Projeto de Lei Complementar está em dissonância com o art. 131, IV, da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, já que prevê a possibilidade de atualização monetária de despesa pública”, diz a mensagem da Presidência.

texto foi aprovado pelos parlamentares no fim de junho como resposta a uma exigência do Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte julgou uma ação do governo do Pará que apontou omissão do Legislativo em atualizar o número de deputados de acordo com a mudança populacional, atualizada pelo censo demográfico a cada dez anos. O Pará argumentou que teria direito a mais quatro deputados desde 2010. A última atualização foi em 1993.

O STF, então, determinou que o Congresso votasse uma lei para redistribuir a representação de deputados federais em relação à proporção da população brasileira em cada estado e no Distrito Federal. A Constituição determina que nenhuma unidade da Federação tenha menos de oito ou mais de 70 deputados.

Na ocasião, os deputados não quiseram reduzir o número de parlamentares de algumas unidades da Federação seguindo o critério proporcional. Se essa regra fosse seguida, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Alagoas poderiam perder cadeiras.

No lugar, o projeto aprovado na Câmara aumenta o número de vagas para os estados que tenham apresentado crescimento populacional e poderia gerar um custo de R$ 65 milhões por ano com novas estruturas. Outro impacto seria de emendas parlamentares que os novos representantes passam a ter direito de indicar no âmbito do Orçamento da União.

Além disso, com o aumento no número de deputados federais, a quantidade de deputados estaduais também teria alterações, de acordo com a previsão constitucional. As assembleias legislativas devem ter o triplo da representação do estado na Câmara dos Deputados, com uma trava de 36. Com isso, o impacto nos orçamentos estaduais seria de R$ 2 milhões a R$ 22 milhões anuais.

A partir do veto do presidente Lula, os parlamentares terão 30 dias para analisar a medida, podendo manter ou derrubar o veto. Caso seja mantido, a redistribuição das vagas será feita pelo Tribunal Superior Eleitoral, até 1º de outubro, conforme decisão do STF.

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br

7.16.2025

7 DICAS PARA REDUZIR O ACÚCAR NO SANGUE NO DIA A DIA

Imagine um corpo em equilíbrio: energia fluindo de forma estável, células bem nutridas e um coração tranquilo. Esse cenário ideal pode ser ameaçado quando os níveis de açúcar no sangue se descontrolam, seja pela produção insuficiente de insulina ou pela resistência a ela. A boa notícia? Há estratégias simples que podem ajudar você a retomar o equilíbrio naturalmente.

Antes de começar qualquer mudança significativa, o ponto de partida é monitorar regularmente a glicemia. Esse hábito é como olhar para o mapa antes de uma viagem: ele mostra onde você está e ajuda a traçar a rota para o destino desejado.

O descontrole nos níveis de açúcar pode levar ao diabetes, uma condição séria que aumenta os riscos de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, AVC e problemas renais. Porém, com atenção e escolhas conscientes, é possível evitar essas complicações.

DICAS PARA REDUZIR NATURALMENTE O AÇÚCAR NO SANGUE

1 – MEXA-SE COM CONSCIÊNCIA

A atividade física é uma aliada poderosa! Quando você se movimenta, melhora a sensibilidade à insulina e ajuda suas células a utilizar o açúcar de maneira mais eficiente. Caminhadas, dança, natação, ciclismo e até musculação podem fazer maravilhas pelo corpo. Escolha o que mais combina com você e faça disso um hábito.

2 – MODERE NOS CARBOIDRATOS

Os carboidratos são como combustível para o corpo, mas, em excesso, podem sobrecarregar seu sistema. Planeje refeições equilibradas e escolha opções integrais. Uma dieta com menos carboidratos pode evitar picos de glicose e promover benefícios duradouros.

3 – APOSTE NAS FIBRAS

As fibras são verdadeiras protetoras do açúcar no sangue. Elas desaceleram a absorção da glicose, estabilizam os níveis e ainda prolongam a sensação de saciedade. Frutas, vegetais, grãos integrais e feijões são suas melhores amigas nesse quesito.

4 – HIDRATE-SE BEM

Água é vida – e também um aliado na regulação da glicose. Manter-se hidratado ajuda os rins a eliminarem o excesso de açúcar. Substituir bebidas açucaradas por água ou chás naturais é uma mudança simples e eficaz.

5 – SIRVA-SE COM MODERAÇÃO

Praticar o controle de porções ajuda a manter um peso saudável e, de quebra, estabiliza os níveis de açúcar no sangue. Pequenos ajustes podem fazer grandes diferenças.

6 – REDUZA O ESTRESSE

O estresse pode ser silencioso, mas seus efeitos no corpo são barulhentos. Ele libera cortisol, um hormônio que aumenta a glicose no sangue. Técnicas como meditação, exercícios físicos e pausas conscientes podem ajudar a manter a calma e a saúde.

7 – VALORIZE O SONO

Dormir bem é essencial para equilibrar o corpo. A privação de sono eleva o apetite e impacta diretamente os níveis de açúcar no sangue. Estabeleça uma rotina noturna tranquila e dê ao seu corpo o descanso que ele merece.

SINAIS DE ALERTA PARA AÇÚCAR ELEVADO NO SANGUE

Se você sente sede excessiva, cansaço persistente, visão turva ou fome exagerada, é hora de prestar atenção. Outros sinais incluem micção frequente, perda de peso inexplicada, feridas que demoram a cicatrizar e infecções recorrentes.

POR QUE O AÇÚCAR SOBE NO SANGUE

Os vilões podem ser muitos: excesso de doces, carboidratos refinados, sedentarismo e até fatores como estresse e sono desregulado. Condições metabólicas, como resistência à insulina e diabetes tipo 2, também desempenham um papel importante.

Mas lembre-se, você tem o poder de reescrever essa história. Ajustando hábitos e ouvindo seu corpo, é possível prevenir complicações e viver com mais energia e saúde.

Fonte: www.msn.com/pt-br/saude/medicina/

7.15.2025

SENADORES CRITICAM DECISÃO DOS EUA DE TAXAR PRODUTOS BRASILEIROS EM 50%

Na CAE, senadores criticam decisão dos EUA de taxar produtos brasileiros em 50%

A decisão do governo norte-americano de impor uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil foi criticada em reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (15). O presidente da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), classificou a medida como um “ataque ao comércio, à indústria e ao agronegócio brasileiro” motivado por razões eleitorais.

A decisão do presidente norte-americano foi divulgada, pasmem, por carta publicada nas redes sociais, uma carta dirigida ao presidente Lula que elenca motivos políticos, eleitorais, pessoais, e não elenca nenhum motivo de ordem comercial ou tarifária.

RECIPROCIDADE

Renan também rebateu a justificativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que alegou déficit na balança comercial com o Brasil — dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no entanto, contradizem Trump: na relação comercial entre os dois países, é o Brasil que tem registrado déficits comerciais seguidos desde 2009.

O senador destacou a Lei da Reciprocidade como mecanismo importante para uma reação brasileira ao "tarifaço". 

O presidente norte-americano aproveitou a carta para fazer uma fake news. Alegou na carta que os Estados Unidos eram deficitários na balança comercial com o Brasil, quando ocorre exatamente o oposto. 11% das nossas exportações vão para os Estados Unidos. (…) O governo pode usar ou não usar essa lei, mas o que há de diferente é que agora nós temos uma legislação a suprir o vácuo existente até então.

A Lei da Reciprocidade teve origem em um projeto do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA): o PL 2.088/2023, que contou com parecer favorável da senadora Tereza Cristina (PP-MS). O texto permite ao Brasil se proteger de tarifas unilaterais impostas por qualquer país ou bloco econômico.

O projeto foi aprovado em abril deste ano pelo Congresso Nacional. Naquele momento, o Parlamento brasileiro já aprovava a medida em reação aos primeiros anúncios feitos por Trump, que na época impôs uma tarifa extra de 10% ao aço brasileiro. Naquele mesmo mês (abril), a proposta foi sancionada pela Presidência da República, sendo transformada na Lei da Reciprocidade.

Nesta terça-feira, foi publicado o decreto que regulamenta a lei — assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O decreto permite, por exemplo, a suspensão de "concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual, em resposta a ações unilaterais de países ou blocos econômicos que afetem negativamente a sua [do Brasil] competitividade internacional".

DIVERSIFICAR EXPORTAÇÕES

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) também condenou a taxação anunciada por Trump — que, ressaltou ela, teve cunho político e não técnico. Ela acredita que a medida pode ser prejudicial ao Brasil no curto prazo, mas pode possibilitar maior diversidade nas relações comerciais do país com outras nações. 

Foi uma decisão política, um tiro no pé. Algo deplorável. Eu chego a ter pena dos americanos que enfrentam, neste momento, um governo completamente desestruturado e até mesmo perigoso. Mas isso abre uma brecha importante para que nós possamos diversificar os destinos das nossas exportações. Vai, simplesmente, nos libertar do mercado norte-americano e vai fortalecer a relação de outros países entre si. Foi um tiro no pé, a curto prazo pode ser ruim, mas a longo prazo eu acredito que será de suma importância para a nossa economia. (...) Podemos fazer desse limão uma grande limonada.

Fonte: Agência Senado

7.14.2025

PRESIDENTE DO STF: EM DEFESA DA CONSTITUIÇÃO, DA DEMOCRACIA E DA JUSTIÇA

Ministro Luís Roberto Barroso faz reflexões sobre o momento

Em 9 de julho último, foram anunciadas sanções que seriam aplicadas ao Brasil, por um tradicional parceiro comercial, fundadas em compreensão imprecisa dos fatos ocorridos no país nos últimos anos. Cabia ao Executivo e, particularmente, à Diplomacia – não ao Judiciário – conduzir as respostas políticas imediatas, ainda no calor dos acontecimentos. Passada a reação inicial, considero de meu dever, como chefe do Poder Judiciário, proceder à reconstituição serena dos fatos relevantes da história recente do Brasil e, sobretudo, da atuação do Supremo Tribunal Federal.

As diferentes visões de mundo nas sociedades abertas e democráticas fazem parte da vida e é bom que seja assim. Mas não dão a ninguém o direito de torcer a verdade ou negar fatos concretos que todos viram e viveram. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. A oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade. Para que cada um forme a sua própria opinião sobre o que é certo, justo e legítimo, segue uma descrição factual e objetiva da realidade.

Começando em 1985, temos 40 anos de estabilidade institucional, com sucessivas eleições livres e limpas e plenitude das liberdades individuais. Só o que constitui crime tem sido reprimido. Não se deve desconsiderar a importância dessa conquista, num país que viveu, ao longo da história, sucessivas quebras da legalidade constitucional, em épocas diversas.

Essas rupturas ou tentativas de ruptura institucional incluem, apenas nos últimos 90 anos: a Intentona Comunista de 1935, o golpe do Estado Novo de 1937, a destituição de Getúlio Vargas em1945, o contragolpe preventivo do Marechal Lott em 1955, a destituição de João Goulart em 1964, o Ato Institucional nº 5 em1968, o impedimento à posse de Pedro Aleixo e a outorga de uma nova Constituição em 1969, os anos de chumbo até 1973 e o fechamento do Congresso, por Geisel, em 1977. Levamos muito tempo para superar os ciclos do atraso. A preservação do Estado democrático de direito tornou-se um dos bens mais preciosos da nossa geração. Mas não foram poucas as ameaças.

Nos últimos anos, a partir de 2019, vivemos episódios que incluíram: tentativa de atentado terrorista a bomba no aeroporto de Brasília; tentativa de invasão da sede da Polícia Federal; tentativa de explosão de bomba no Supremo Tribunal Federal (STF); acusações falsas de fraude eleitoral na eleição presidencial; mudança de relatório das Forças Armadas que havia concluído pela ausência de qualquer tipo de fraude nas urnas eletrônicas; ameaças à vida e à integridade física de Ministros do STF, inclusive com pedido de impeachment;  acampamentos de milhares de pessoas em portas de quartéis pedindo a deposição do presidente eleito. E, de acordo com denúncia do Procurador-Geral da República, uma tentativa de golpe que incluía plano para assassinar o Presidente da República, o Vice e um Ministro do Supremo.

Foi necessário um tribunal independente e atuante para evitar o colapso das instituições, como ocorreu em vários países do mundo, do Leste Europeu à América Latina. As ações penais em curso, por crimes diversos contra o Estado democrático de direito, observam estritamente o devido processo legal, com absoluta transparência em todas as fases do julgamento. Sessões públicas, transmitidas pela televisão, acompanhadas por advogados, pela imprensa e pela sociedade. 

O julgamento ainda está em curso. A denúncia da Procuradoria da República foi aceita, como de praxe em processos penais em qualquer instância, com base em indícios sérios de crime. Advogados experientes e qualificados ofereceram o contraditório. Há nos autos confissões, áudios, vídeos, textos e outros elementos que visam documentar os fatos. O STF vai julgar com independência e com base nas evidências. Se houver provas, os culpados serão responsabilizados. Se não houver, serão absolvidos. Assim funciona o Estado democrático de direito.

Para quem não viveu uma ditadura ou não a tem na memória, vale relembrar: ali, sim, havia falta de liberdade, tortura, desaparecimentos forçados, fechamento do Congresso e perseguição a juízes. No Brasil de hoje, não se persegue ninguém. Realiza-se a justiça, com base nas provas e respeitado o contraditório. Como todos os Poderes, numa sociedade aberta e democrática, o Judiciário está sujeito a divergências e críticas. Que se manifestam todo o tempo, sem qualquer grau de repressão. Ao lado das outras instituições, como o Congresso Nacional e o Poder Executivo, o Supremo Tribunal Federal tem desempenhado com sucesso os três grandes papéis que lhe cabem: assegurar o governo da maioria, preservar o Estado democrático de direito e proteger os direitos fundamentais.

Por fim, cabe registrar que todos os meios de comunicação, físicos e virtuais, circulam livremente, sem qualquer forma de censura. O STF tem protegido firmemente o direito à livre expressão: entre outras decisões, declarou inconstitucionais a antiga Lei de Imprensa, editada no regime militar (ADPF 130), as normas eleitorais que restringiam o humor e as críticas a agentes políticos durante as eleições (ADI 4451), bem como as que proibiam a divulgação de biografias não autorizadas (ADI 4815). Mais recentemente, assegurou proteção especial a jornalistas contra tentativas de assédio pela via judicial (ADI 6792). 

Chamado a decidir casos concretos envolvendo as plataformas digitais, o STF produziu solução moderada, menos rigorosa que a regulação europeia, preservando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de empresa e os valores constitucionais. Escapando dos extremos, demos um dos tratamentos mais avançados do mundo ao tema: conteúdos veiculando crimes em geral devem ser removidos por notificação privada; certos conteúdos envolvendo crimes graves, como pornografia infantil e terrorismo devem ser evitados pelos próprios algoritmos; e tudo o mais dependerá de ordem judicial, inclusive no caso de crimes contra honra.

É nos momentos difíceis que devemos nos apegar aos valores e princípios que nos unem: soberania, democracia, liberdade e justiça. Como as demais instituições do país, o Judiciário está ao lado dos que trabalham a favor do Brasil e está aqui para defendê-lo. 

Luís Roberto Barroso
Presidente do Supremo Tribunal Federal

Fonte:https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/presidente-do-stf-em-defesa-da-constituicao-da-emocracia-e-da-justica/

7.13.2025

A bola fora da betano: UMA JOGADA SEM VAR NO BOM SENSO

Sol, praia, futevôlei e… preconceito? No novo comercial da Betano, a bola até rola — mas quem sempre cai são os mesmos: o ambulante, o homem negro, o homem gordo

Ao assistir pela primeira vez ao novo comercial da Betano, patrocinadora oficial da Copa do
Mundo de Clubes da FIFA, a impressão é aquela já conhecida: uma resenha praiana bem produzida. Jovens brancos jogando futevôlei, câmera ágil, luz perfeita, música ensolarada — a estética que a publicidade brasileira adora repetir. Mas basta parar por alguns segundos e ver com atenção: o chute acerta mais do que a bola. Atinge também o senso crítico de quem assiste.

A peça tem apenas 30 segundos. Mas, nesse meio minuto, o que se diz — mesmo sem uma única fala! — é muito. Quem brilha? Jovens, magros, brancos e sorridentes. A câmera os acompanha com reverência, em câmera lenta, exaltando cada movimento. Até que entram os coadjuvantes. Ou melhor: os alvos. O ambulante leva uma bolada e derruba seus produtos. Um senhor tropeça e cai com seu guarda-sol. Um homem negro enfia o rosto no sanduíche ao ser atingido. E, para fechar a sequência, o homem obeso vira a piada da vez ao receber a bolada na barriga. Nenhum desses personagens fala. Nenhum reage. Todos viram escada para o riso fácil.

Coincidência? Claro que não. Isso se chama roteiro. É escolha de direção. É recorte de
mundo. E mais: é o velho modelo publicitário que ainda acha graça em bater — visualmente — nos mesmos corpos de sempre.

QUEM É A BETANO?

A Betano é uma gigante do mercado de apostas esportivas online (as famosas bets), operada pela empresa grega Kaizen Gaming. Presente na Europa, América Latina e, agora, no Brasil, ela patrocina clubes como Fluminense e Atlético-MG e assumiu a vitrine global da FIFA com a Copa Mundial de Clubes.

Com tanto alcance, vem junto uma responsabilidade proporcional. Não se trata apenas de
vender uma imagem vibrante de verão — mas de entender quem está vendo, quem é retratado, e como essas pessoas são tratadas no vídeo.

O HUMOR “INCORRETO” AINDA ENGAJA?

Alguns vão dizer que é exagero. Que é “mimimi”. Que “todo mundo já levou uma bolada na
praia”. Mas aqui, a pergunta não é se alguém levou — e sim quem levou e como foi mostrado.

Quando o ambulante é alvo da bola e perde seus produtos, reforça-se o estereótipo do
trabalhador precarizado, tratado como piada. Quando o homem obeso é atingido na barriga e gera gargalhadas, o velho deboche gordofóbico aparece sem cerimônia. E quando tudo isso acontece sem reação ou contexto, a desigualdade é embalada como entretenimento.

Isso não é novidade. O humor de escárnio — aquele que transforma minorias em piada — já foi amplamente usado pela publicidade. Comerciais clássicos como os da Bombril, com o “homem mil e uma utilidades”, zombavam de mulheres e figuras “exóticas”. Ou o anúncio da Pepsi, com Supla e um sushiman caricato, que reforçava estereótipos racistas e xenofóbicos. Durante anos, isso rendeu prêmios em Cannes. Hoje, o jogo mudou. O público está mais atento. E cobrar coerência virou regra da partida.

REPRESENTATIVIDADE DE VERDADE É MAIS DO QUE PRESENÇA

Colocar corpos diversos na tela não é suficiente. Representatividade real exige respeito
narrativo. Exige mostrar essas pessoas com dignidade, protagonismo, complexidade. No comercial da Betano, há sim uma mulher jogando — e jogando bem. Mas ela é a exceção. A “boa de bola” que se destaca no meio do elenco. Os outros seguem como pano de fundo do constrangimento.

A câmera revela tudo. Ela aproxima os corpos brancos e os mostra com glamour. Já os
“alvos” são filmados de longe, em cortes rápidos, tropeçando, sujando-se, sendo ridicularizados. O preconceito aqui não é verbal. É visual. E é feroz.

O ALGORITMO ESPALHA. MAS QUEM FILTRA É A CONSCIÊNCIA

Não à toa, peças como essa viralizam. Têm ritmo ágil, humor visual simples, alto potencial
de compartilhamento. E com o investimento certo, ganham espaço na TV, nas redes, nos intervalos da Copa. Mas o que se espalha rápido nem sempre é o que deveria.

Piadas visuais com alvos previsíveis podem render milhões de visualizações — e, com elas,
lucros. Mas também podem trazer cancelamentos, protestos, ações judiciais e danos de imagem. O algoritmo distribui. Mas cabe à sociedade filtrar. E às marcas, aprender.

O QUE PODERIA – E DEVERIA – SER DIFERENTE?

Criar uma campanha de verão que associe esporte, praia e diversidade é mais do que
possível. É desejável. Mas isso exige abandonar os atalhos do preconceito e da zombaria. Humor pode ser leve sem ser raso. Pode ser popular sem humilhar.

O anunciante tem dinheiro, tem visibilidade, tem estrutura. O que falta é visão crítica. A
mesma criatividade que constrói um comercial vibrante pode — e deve — ser usada para incluir, e não para ridicularizar.

Porque isso não é censura. É evolução. Não se trata de acabar com o riso. É sobre mudar a
direção. De rir com, não de. De parar de transformar corpos em alvo e começar a colocá-los de verdade no jogo.

NO APITO FINAL…

A campanha da Betano — veiculada no maior palco esportivo do mundo — revela mais do que pretendia. Ela mostra o quanto ainda precisamos avançar para que a publicidade brasileira represente, com dignidade, todos os corpos que fazem este país.

Se a Betano quer realmente jogar no Brasil, precisa entender que aqui a partida é coletiva. E que o público já aprendeu a ler nas entrelinhas. Ou nos frames. Até mesmo em 30 segundos.

Por Rollo (ator profissional e ex-integrante do Conselho Estadual de Política Cultural do RJ na cadeira do Audiovisual. Atualmente integra o elenco do espetáculo teatral “O Bem Amado”, de Dias Gomes, ao lado de Diogo Vilela, com direção de Marcus Alvisi).

Fonte: https://iclnoticias.com.br/a-bola-fora-da-betano/

7.11.2025

BRASILEIROS APOIAM TAXAR BILIONÁRIOS, BANCOS E BETS; CONGRESSO É VISTO COMO ALIADO DOS RICOS

Pesquisa mostra apoio popular à justiça tributária e desconfiança em relação ao Legislativo

A maioria da população brasileira quer que bilionários, bancos e casas de apostas online — as chamadas bets — paguem mais impostos. Segundo levantamento da AtlasIntel, divulgado nesta quarta-feira (9), 58% dos entrevistados apoiam a chamada “taxação BBB”, enquanto apenas 37% se opõem.

A medida, defendida por partidos de esquerda e pelo governo federal, ganha força nas redes sociais e mostra que a pauta da justiça tributária é popular e a narrativa da direita, de que o aumento de impostos levaria empresários a abandonar o país, não convenceu.

A pesquisa também perguntou sobre os motivos da derrubada do decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para 39,9%, o Congresso agiu para favorecer empresários e o mercado financeiro; 37,8% acreditam que foi para proteger a população de mais impostos.

O estudo revelou ainda que 42,4% da população considera o governo federal mais responsável com as contas públicas do que o Congresso Nacional. Apenas 21,8% veem os deputados e senadores como mais responsáveis. Outros 34,7% não confiam em nenhum dos dois.

A pesquisa foi realizada digitalmente entre os dias 1º e 7 de junho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Fonte: Brasil de Fato

ALECE aprova manifesto em DEFESA DO BRASIL E DA SOBERANIA NACIONAL

MANIFESTO EM DEFESA DO BRASIL

Existem desafios históricos que nos convocam a ações e compromissos que vão além das nossas convicções partidárias e ideológicas.

Um desses desafios históricos é a defesa do Brasil, especialmente da sua soberania, das suas instituições que compõem o Estado Brasileiro, da democracia, das empresas e da população brasileira.

Convido, à luz do bem comum, representando a população, compromisso inerente ao Poder Legislativo no Estado Democrático de Direito, todos e todas PARLAMENTARES de todas as matizes ideológicas e partidárias (liberais, conservadores, progressistas, de direita, de esquerda, de centro) a PUBLICAMENTE ASSUMIR O COMPROMISSO EM DEFESA DO BRASIL.

A carta do Presidente dos Estados Unidos, enviada em 9 de julho de 2025 ao Presidente do Brasil, não condiz com a relação diplomática pacífica, de bons parceiros comerciais, inclusive na atualidade, com vantagem na balança comercial para os Estados Unidos.

A referida carta menciona a imposição de uma tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos e com a exigência de interferência no Poder Judiciário brasileiro, por parte do governo brasileiro, para um possível recuo de tal imposição tarifária.

Tal comunicação oficial do Presidente dos Estados Unidos para o Presidente do Brasil não corresponde a histórica boa relação diplomática entre os dois países, entre os dois Estados Nacionais, aos princípios constitucionais das duas Cartas Magnas das duas nações, e ameaça a soberania brasileira, atingindo o Estado Brasileiro, as empresas brasileiras e, em especial, a população brasileira.

Esse manifesto, suprapartidário e supraideológico, tem como único objetivo DEFENDER O BRASIL E SUA SOBERANIA.

DEPUTADOS QUE VOTARAM PELO MANIFESTO

Acrísio Sena (PT), Agenor Neto (MDB), Almir Bié (Progressistas), Antônio Granja (PSB), Bruno Pedrosa (PT), Daniel Oliveira (MDB), Davi de Raimundão (MDB), David Durand (Republicanos), De Assis Diniz (PT), Felipe Mota (União), Fernando Hugo (PSD), Guilherme Bismarck (PSB), Guilherme Landim (PSB), Gordim Araújo (PSDB), Heitor Férrer (União), Jeová Mota (PSB), Jô Farias (PT), João Jaime (Progressistas), Juliana Lucena (PT), Keivia Dias (PSD), Larissa Gaspar (PT), Leonardo Pinheiro (Progressistas), Luana Régia (Cidadnia), Marcos Sobreira (PSB), Marta Gonçalves (PSB), Missias Dias (PT), Nizo Costa (PT), Pedro Lobo (PT), Renato Roseno (Psol), Salmito (PT), Stuart Castro (Avante) e Tin Gomes (PSB).

DEPUTADOS QUE VOTARAM CONTRÁRIO AO MANIFESTO

Antonio Henrique (PDT), Alcides Fernandes (PL), Carmelo Neto (PL), Cláudio Pinho (PDT), Lucinildo Frota (PDT), Queiroz Filho (PDT), Pedro Matos (Avante) e Sargento Reginauro (União).

Fonte: ALECE - https://www.al.ce.gov.br/

7.10.2025

ESTUDANTES DO IFCE desenvolve concreto sustentável com CASCA DE COCO

Material foi aplicado na produção de piso para pessoas com deficiência

Estudantes do campus de Itapipoca do Instituto Federal do Ceará (IFCE) desenvolveram um tipo de concreto que pretende unir a vantagem de um material mais leve à sustentabilidade. A ideia do invento, chamado de concrecoco, é usar a casca do coco verde para substituir agregados comumente utilizados no mercado da construção civil, como areia ou brita.

A pesquisa teve início em março de 2024, quando o professor Adalberto Viana convidou alunos do curso técnico integrado em Edificações a investigarem necessidades de Itapipoca que se relacionassem à sustentabilidade e aos estudos em sala de aula. Foi observada, então, a grande quantidade de excedentes de cocos descartados em um lixão da cidade.

EM BUSCA DE UMA NOVA SOLUÇÃO

Segundo dados de pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará é o estado que mais produz coco no Brasil. Foram contabilizados 519.037 milhões de unidades naquele ano. As indústrias aproveitam principalmente a água, o leite, o óleo e a polpa ralada do fruto, sendo parte dos produtos direcionados à exportação. Itapipoca está entre os municípios que participam ativamente dessa cadeia econômica. 

A quenga do coco, como é popularmente conhecido o endocarpo do fruto, leva até dez anos para se biodegradar quando não é aproveitada, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O descarte inadequado, além de poluir o meio ambiente, pode facilitar a procriação de animais peçonhentos e insetos vetores de doenças, entre outros impactos negativos. 

A solução encontrada pelo grupo de pesquisa, então voluntários do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr), foi destinar esses resíduos para a produção de um concreto leve ou bioconcreto, como são chamados os concretos feitos com materiais extraídos da natureza.

ETAPAS DA PESQUISA

Primeiramente, foi realizado o estudo da matéria-prima. “Nós desenvolvemos uma metodologia. Esse endocarpo, depois de limpo, é aquecido a 165 graus para tirarmos o óleo e a água da casca”, explica o docente Adalberto Viana. Em seguida, foi preciso encontrar as quantidades ideais para uma mistura de cascas, água, cimento e areia que resultasse em um concreto leve, resistente e durável. 

Feitos os corpos de prova, chegou o momento de analisar, por exemplo, a capacidade de absorção de água, de sorvidade e a resistência do produto. De acordo com o professor, o desafio de lidar com um material orgânico é que ele se deteriora naturalmente. A alternativa foi encapsular o agregado de modo que ele não sofresse os efeitos da umidade.

Os testes de resistência também obtiveram sucesso. “O que é incrível nessa pesquisa é que ele atingiu uma resistência de 24 MPa. Um concreto é considerado estrutural quando passa de 20 MPa, ou seja, aguenta 200 kg por cm². Não são permitidas construções estruturais no Brasil com menos que isso”, ressalta Adalberto.

Outra meta atingida foi a densidade necessária para o material. Para um concreto ser considerado leve, ele precisa ter densidade inferior a 2 mil kg/m³, enquanto os concretos convencionais têm de 2.400 a 2.800 kg/m³. Ainda assim, podem ser usados para construir estruturas capazes de suportar grandes cargas com segurança.

INOVAÇÃO E ACESSIBILIDADE

Com o concrecoco pronto, a equipe formada por Maria Clara Ferreira, Maria Clara Tomé, Maria Eduarda Freitas, Matheus Lima, Rafaela Sampaio e Riany Silva decidiu aliar a aplicação do produto à responsabilidade social. Seguindo as normas de acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), eles criaram pisos táteis, usados para facilitar a locomoção de pessoas com deficiência visual. Foram feitos exemplares de 25 cm² tanto do tipo direcional, que serve como guia em um caminho, quanto do tipo alerta, para indicar obstáculos.

O objetivo é, em parceria com o Núcleo de Acessibilidade às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do campus, aplicar os pisos no próprio IFCE e avaliar a durabilidade diante do uso e das variações climáticas.

PRÓXIMOS PASSOS

Após um ano, o projeto foi concluído, mas ainda há muito a ser feito. Atualmente, o grupo tem trabalhado, com o auxílio de estudantes do curso técnico integrado em Informática, no desenvolvimento do Concrecalc, um aplicativo para calcular a massa específica do concreto e as quantidades dos materiais usados na produção. Em uma próxima fase, a ferramenta indicará também a medida de resistência.

No âmbito acadêmico, a pesquisa foi apresentada no Encontro de Iniciação Científica e Tecnológica do IFCE em 2024 e deve concorrer ao Prêmio Anas – Mulher e Ciência, do IFCE, e ao Prêmio Jovem Cientista 2025. Além disso, os estudantes pretendem produzir artigos para publicação em periódicos.

O aluno Matheus Lima destaca a importância de ter vivenciado cedo a pesquisa acadêmica: “Foi um projeto que abriu várias portas na nossa vida. Tivemos uma experiência boa de fazer esse estudo com nível de graduação já no ensino médio”. O sentimento é compartilhado pela colega Maria Clara Tomé. “Participar de um projeto de pesquisa como esse agrega muito à vida estudantil. Nós estamos propondo um concreto sustentável ao meio ambiente que também vai ter uma utilidade muito boa. É algo que vai fazer a diferença na sociedade, e isso é muito valioso para nós”, declara a estudante.

O professor Adalberto Viana pretende, futuramente, dar continuidade à pesquisa com novos alunos do curso de Edificações: “Já temos a ciência, o traço e a metodologia. Agora é replicar e até melhorar”.

Fonte: Instituto Federal do Ceará – portal.ifce.edu.br

REFLEXÃO - TEMPO E TRABALHO

“ E assim Faraó, de coração endurecido, não deixou ir os filhos de Israel, como o Senhor tinha dito a Moisés” (Êxodo 9:35). Um fazendeir...